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Dia da Mulher: cuidadoras de pessoas com deficiência são invisibilizadas pela sociedade

08 de março de 2023
No mês de março é celebrado o mês da mulher. A data busca celebrar as conquistas das mulheres e reforçar a busca pelos direitos, igualdade e respeito. Essa desigualdade histórica traz muita injustiça. As mulheres conquistaram o direito do voto, de dirigir, de trabalhar fora, mas as responsabilidades com a casa, com os filhos e com a família raramente são divididas igualmente com os homens, pais desses filhos e maridos.
Essa sobrecarga é ainda maior para a mulher que é mãe, sobretudo mãe de uma pessoa com deficiência. Por causa da demanda por um cuidado ainda maior com essa criança, necessário muitas vezes até a vida adulta, as mulheres acabam abrindo mão de sua vida e de seus próprios cuidados para cuidar do próximo que depende integralmente dela.
Maria das Graças Vimercati, mãe de uma pessoa com deficiência e ex-presidente da Apae de Vila Velha, conta que nunca se enxergou pertencente à sociedade. “É uma situação muito difícil. Já deixei e ainda deixo de fazer muita coisa por causa da minha filha porque ela já foi muitas vezes esquecida devido ao preconceito e indiferença”, conta. Ela relata que sempre lutou sozinha pela sua filha. O marido nunca aceitou o diagnóstico de deficiência intelectual e Maria das Graças passou a cuidar de sua filha sem nenhuma ajuda ou apoio. “Eu abdiquei de mim como mulher em função dela e eu acabei esquecendo de mim por completo. Ser mãe de uma pessoa com deficiência acaba afetando a gente em todos os sentidos e a gente acaba se anulando. A gente fica invisível”, analisa.
Por cuidar da filha em tempo integral, Maria das Graças não podia trabalhar. Com isso, aceitou viver em um casamento sufocante. “Eu dependia do meu marido para poder continuar o tratamento da minha filha”, conta. Ela se lembra do sonho que não conseguiu realizar: estudar Medicina. “Nunca consegui”, completa.
Maria das Graças acredita que só existe uma forma de mudar isso. “É preciso que a mulher seja valorizada, que ela tenha as mesmas oportunidades que os homens, e que elas não sejam mães solo, principalmente quando o filho tem alguma deficiência. A gente precisa que as pessoas tenham consciência de que existem muitas pessoas que vivem em dificuldade“, afirma.
Sozinha, desempregada e se sentindo desamparada. É assim que Maria das Graças se sente como mulher, mãe de uma pessoa com deficiência, perante a sociedade.
De acordo com o presidente da Federação das Apaes do Estado do Espírito Santo (Feapaes-ES), Vanderson Gaburo, é importante jogar luz sobre essas mulheres. “No processo de invisibilidade pela qual passam essas minorias, há também uma questão de gênero que precisa ser observada. Mães, avós, tias, irmãs... Quase sempre o principal cuidador do núcleo familiar é uma mulher que sofre com o abandono paterno, com o apagamento de sua identidade e sofre todo tipo de exclusão social", afirma.