Usuários das Apaes conquistam vagas na Ufes e em faculdades privadas
Apae-ES
10 de abr de 2018
10 de abr de 2018
Os estudantes cursaram o Atendimento Educacional Especializado (AEE), oferecido pelas Apaes no contraturno das aulas na escola comum em que eram incluídos
Usuários das Apaes estão ingressando em faculdades para cursar o ensino superior, uma mudança de paradigmas que impacta a sociedade e demonstra que, quando são dadas as condições, pessoas com deficiência intelectual podem ir muito longe na conquista de autonomia e de uma vida feliz por meio da Educação.
Dois usuários da Apae da Serra receberam em abril de 2018 a notícia da conquista da sonhada vaga na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes): Samuel dos Santos Martins, 22 anos, no curso de Ciências Sociais; e Bruno dos Santos Martins, 25, no curso de Serviço Social. Eles são irmãos e percorreram uma longa jornada para chegar à universidade federal. Os dois cursaram o Atendimento Educacional Especializado (AEE), oferecido pela Apae da Serra no contraturno das aulas na escola comum em que eram incluídos, além de receberem atendimento de outros serviços oferecidos na instituição.
Samuel explica que conseguiu aprender a ler com 18 anos, na sétima série, e a partir daí resolveu que faria curso superior. “Quando fiz o Enem pela primeira vez como teste, percebi que era realmente muito rigoroso, uma forma meio cruel de medir o conhecimento. Mas não desanimei. Na terceira vez que fiz eu consegui. Foram semanas de espera para saber se eu teria a vaga pelo Sisu e eu consegui!”, comemora.
Ele acrescenta que agora a expectativa é grande para fazer o curso. Ele começa a estudar com a turma do segundo semestre de 2018. “Eu espero encontrar amizades e conhecimento nesses quatro anos. Estamos na Apae desde muito pequenos e lutamos pelos direitos que são nossos. É muita dificuldade que se passa nessa vida. Quando vi meu nome na lista nem acreditei que tinha chegado lá”, explicou.
A mãe de Samuel e de Bruno, a funcionária pública Lucia Mara dos Santos Martins, 48, disse que o grande ganho disso tudo é mostrar que os usuários da Apae, pessoas com deficiência intelectual, também podem chegar ao curso superior.
“Eles precisam acreditar que lá é um lugar que pode ser o lugar deles também. Lutei por isso durante anos e muitas vezes eu achava que eles não teriam a mesma oportunidade que eu tive. Mas eles conquistaram”, disse.
Pedagogia
Samuel e Bruno não são os únicos usuários de Apae que estão ocupando espaços em que as pessoas com deficiência intelectual não estavam há até pouco tempo. Fazer um curso superior era um sonho, mas era daqueles que se realizariam para mudar a vida de uma pessoa. Foi o que aconteceu com Elizabeti de Paula Costa, 19 anos, usuária da Apae de Iúna. Ela está cursando Pedagogia na faculdade Doctum do município desde o início de 2017 e está certa de que vai conseguir vencer a batalha e concluir os estudos. A estudante recebe o apoio de um professor da Apae que vai à instituição superior de ensino semanalmente.
“Me ajudaram muito em questões emocionais para chegar onde estou hoje. Me sinto muito feliz, realizando um sonho que para mim um dia pareceu impossível. Junto com meus amigos da Apae venceremos a batalha”, disse Elizabeti, que já frequentou, também, as Apaes da Cachoeiro de Itapemirim, Irupi e Ibitirama.
Ifes
Ultrapassar os obstáculos não foi fácil, mas Sirlene Nascimento da Silva, 19 anos, usuária da Apae da Serra, os transpôs rumo a uma vida vitoriosa. Ela foi aprovada para o curso de Metalurgia no processo seletivo do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), em Vitória, e é uma das seis mulheres de uma turma com 45 pessoas. E Sirlene está só começando.
“Eu tenho sonhos e um plano muito bem definido. Quero um emprego na ArcelorMittal com o curso que estou fazendo. Com o meu salário, eu vou pagar a mensalidade da faculdade de Direito para ser advogada, que é o meu sonho. Vou continuar frequentando a Apae até conseguir o emprego. Foi lá que consegui encontrar o caminho para aprender”.
Visibilidade
O presidente da Federação das Apaes do Espírito Santo (Apae-ES), Vanderson Roberto Pedruzzi Gaburo, explica que os resultados apresentados pelos usuários são motivo para comemoração e resultado de um trabalho de excelência e altamente qualificado oferecido pelas Apaes no Estado.
A partir de 2009, as Apaes iniciaram uma colaboração direta com as escolas comuns oferecendo o AEE, um serviço de complementação das necessidades de cada usuário para que ele alcance resultados satisfatórios na sala de aula. O sucesso deste trabalho se deve, além da determinação e o esforço de cada usuário, à troca de informações entre as escolas e as Apaes de maneira colaborativa. Um trabalho que evoluiu até possibilitar bons resultados no alcance de espaço no ambiente universitário, seja na Ufes, seja em instituições privadas, além dos cursos técnicos oferecidos pelo Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes).
“O resultado é deles e nós ficamos muito felizes por termos participado desse processo. Vamos continuar trabalhando para que outras pessoas com deficiência intelectual acessem e frequentem o espaço universitário. Essa é uma nova realidade, tanto na vida das pessoas com deficiência intelectual, quanto na dinâmica das instituições de ensino superior. E as Apaes se colocaram à disposição para facilitar esse processo”, disse o presidente.
Dois usuários da Apae da Serra receberam em abril de 2018 a notícia da conquista da sonhada vaga na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes): Samuel dos Santos Martins, 22 anos, no curso de Ciências Sociais; e Bruno dos Santos Martins, 25, no curso de Serviço Social. Eles são irmãos e percorreram uma longa jornada para chegar à universidade federal. Os dois cursaram o Atendimento Educacional Especializado (AEE), oferecido pela Apae da Serra no contraturno das aulas na escola comum em que eram incluídos, além de receberem atendimento de outros serviços oferecidos na instituição.
Samuel explica que conseguiu aprender a ler com 18 anos, na sétima série, e a partir daí resolveu que faria curso superior. “Quando fiz o Enem pela primeira vez como teste, percebi que era realmente muito rigoroso, uma forma meio cruel de medir o conhecimento. Mas não desanimei. Na terceira vez que fiz eu consegui. Foram semanas de espera para saber se eu teria a vaga pelo Sisu e eu consegui!”, comemora.
Ele acrescenta que agora a expectativa é grande para fazer o curso. Ele começa a estudar com a turma do segundo semestre de 2018. “Eu espero encontrar amizades e conhecimento nesses quatro anos. Estamos na Apae desde muito pequenos e lutamos pelos direitos que são nossos. É muita dificuldade que se passa nessa vida. Quando vi meu nome na lista nem acreditei que tinha chegado lá”, explicou.
A mãe de Samuel e de Bruno, a funcionária pública Lucia Mara dos Santos Martins, 48, disse que o grande ganho disso tudo é mostrar que os usuários da Apae, pessoas com deficiência intelectual, também podem chegar ao curso superior.
“Eles precisam acreditar que lá é um lugar que pode ser o lugar deles também. Lutei por isso durante anos e muitas vezes eu achava que eles não teriam a mesma oportunidade que eu tive. Mas eles conquistaram”, disse.
Pedagogia
Samuel e Bruno não são os únicos usuários de Apae que estão ocupando espaços em que as pessoas com deficiência intelectual não estavam há até pouco tempo. Fazer um curso superior era um sonho, mas era daqueles que se realizariam para mudar a vida de uma pessoa. Foi o que aconteceu com Elizabeti de Paula Costa, 19 anos, usuária da Apae de Iúna. Ela está cursando Pedagogia na faculdade Doctum do município desde o início de 2017 e está certa de que vai conseguir vencer a batalha e concluir os estudos. A estudante recebe o apoio de um professor da Apae que vai à instituição superior de ensino semanalmente.
“Me ajudaram muito em questões emocionais para chegar onde estou hoje. Me sinto muito feliz, realizando um sonho que para mim um dia pareceu impossível. Junto com meus amigos da Apae venceremos a batalha”, disse Elizabeti, que já frequentou, também, as Apaes da Cachoeiro de Itapemirim, Irupi e Ibitirama.
Ifes
Ultrapassar os obstáculos não foi fácil, mas Sirlene Nascimento da Silva, 19 anos, usuária da Apae da Serra, os transpôs rumo a uma vida vitoriosa. Ela foi aprovada para o curso de Metalurgia no processo seletivo do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), em Vitória, e é uma das seis mulheres de uma turma com 45 pessoas. E Sirlene está só começando.
“Eu tenho sonhos e um plano muito bem definido. Quero um emprego na ArcelorMittal com o curso que estou fazendo. Com o meu salário, eu vou pagar a mensalidade da faculdade de Direito para ser advogada, que é o meu sonho. Vou continuar frequentando a Apae até conseguir o emprego. Foi lá que consegui encontrar o caminho para aprender”.
Visibilidade
O presidente da Federação das Apaes do Espírito Santo (Apae-ES), Vanderson Roberto Pedruzzi Gaburo, explica que os resultados apresentados pelos usuários são motivo para comemoração e resultado de um trabalho de excelência e altamente qualificado oferecido pelas Apaes no Estado.
A partir de 2009, as Apaes iniciaram uma colaboração direta com as escolas comuns oferecendo o AEE, um serviço de complementação das necessidades de cada usuário para que ele alcance resultados satisfatórios na sala de aula. O sucesso deste trabalho se deve, além da determinação e o esforço de cada usuário, à troca de informações entre as escolas e as Apaes de maneira colaborativa. Um trabalho que evoluiu até possibilitar bons resultados no alcance de espaço no ambiente universitário, seja na Ufes, seja em instituições privadas, além dos cursos técnicos oferecidos pelo Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes).
“O resultado é deles e nós ficamos muito felizes por termos participado desse processo. Vamos continuar trabalhando para que outras pessoas com deficiência intelectual acessem e frequentem o espaço universitário. Essa é uma nova realidade, tanto na vida das pessoas com deficiência intelectual, quanto na dinâmica das instituições de ensino superior. E as Apaes se colocaram à disposição para facilitar esse processo”, disse o presidente.